Ate Breve…

02-12

Hoje decidi fazer uma quebra no cronograma do blog. Preciso fazer umas consideracoes antes da minha partida daqui em direcao a New York. Quando digo “daqui”, quero dizer o Japao como um todo, mas principalmente Kyoto. Ja falei muito sobre as loucuras de Tokyo, a receptividade de Sapporo, a comida de Fukuoka, choque de Hiroshima. No entanto, o lugar em que eu realmente me sinto em casa e que uma energia inexplicavel me atinge e me faz ficar triste so de pensar em deixa-lo para tras e Kyoto.

Eu nao sei nem por onde comecar. Acho que seria uma boa comecar pedindo desculpas pelo texto a seguir. A verdade e que se eu tivesse escolha, nao voltaria para o Brasil tao cedo, mesmo tendo minha querida familia e otimos amigos. Isso nao e nenhuma forma de esquecimento ou predilecao em relacao aos amigos daqui, o que me parece correto seria as pessoas que deixei no Brasil virem para ca, mas sei que isto e impossivel. Talvez o meu tao conhecido egoismo fale mais alto, mas tambem nao acho que seja esta a questao, a palavra e identificacao. Tentei escrever sobre a identificacao, mas nao deu certo. Entao vou descrever meu dia de hoje que deve retratar bem o que e Kyoto pra mim.

Ando meio triste com minha partida, acordei, mexi um pouco na mala, joguei Dragon Quest IV e voltei a mexer nas malas. Dragon Quest IV e otimo para me animar pois sempre fico feliz em perceber que estou conseguindo entender melhor o jogo e ver quemeu japones esta melhorando. Mas o fato e que arrumar as malas estava me deixando tao depre que resolvi sair para dar uma volta.

Nao escolhi lugares como o famoso Kiyomizudera, hoje e domingo e Kyoto deve estar abarrotada. No fim das contas, os pontos turisticos sao legais, mas bem longe de serem o real ponto de atracao deste pais. Uma das coisas que eu mais gosto e justamente a paz, o espirito bom das coisas. Sinto muito isso onde eu moro, estou longe da Kyoto Eki, bem no norte de Kyoto, aqui as coisas sao tranquilas e resolvi ir ate um restaurante que gosto muito (CoCoICHI) para comer um Kare com lula.

Sai de casa com o meu DS no bolso do casaco, fone de ouvido e munido de musicas que sao a cara do japao pra mim. Jewelry Day, Mikaduki e Why da Ayaka; Ramblin da Shimatani Hitomi; Arigatou do Smap; Renai Shashin da Otsuka Ai e Beautiful Life, Kazauta, Semishigure e Shiki do w-inds.. Escolhi ir pela beira do Kamogawa, provavelmente um dos meus lugares favoritos do japao. Este rio corta a cidade inteira , e bem largo e raso e da para andar pela beirada sem problema.

A visao foi sensacional, cercado por montanhas que agora estao coloridas pela mudanca das arvores, o chao estava repleto por folhas que quando eu cheguei estavam verdes, ficaram avermelhadas e agora estao caindo e desaparecendo, assim como meu tempo por aqui. Um quilometro e meio de percurso na beirada do rio e eu rapidamente relembrei diversas razoes de gostar daqui. Algumas pessoas varriam as folhas por puro prazer, vi pais com filhos pescando, criancas correndo, cachorros felizes passeando com seus donos, casais, gente praticando instrumentos musicais, velhinhas conversando, etc… Todos vivendo a sua vida sem interferir na do outro e com maquinas fotograficas para registrar os momentos, muitas vezes deixadas de canto, ninguem vai roubar mesmo.

Voce nao ve gente jogando lixo no chao, fazendo baderna desnecessaria, mexendo com os outros, nada disso. Se voce fizer um giro 360, so ve coisas boas, me da prazer de andar por Kita-ku. Digo que vou fazer o meu maximo para voltar para o Japao, mais precisamente Kyoto e mais precisamente ainda em Kita-ku. Por mais que uma semana seja estressante, vc ter um dia para ir ate a beira do rio, fazer algo que gosta (no meu caso jogar ds) e depois voltar para casa tranquilamente, nao tem preco.

Cheguei no CoCoICHI e ja senti outra coisa que eu adoro nos japoneses, o servico. Mesmo que o cara seja obrigado a te saudar toda vez que voce entra na loja, eu gosto disso de alguma forma. Logo recebi um copo de agua para ficar bebendo a vontade (outra coisa que gosto) e escolhi meu ビーフイカカレー (Kare com carne e lula) com 400g de arroz e picancia normal. Enquanto esperava, via outra coisa que gosto, a maneira como os japas trabalham, eles nunca param de fazer as coisas, realmente concentrados no servico, os caras trabalham tao bem que da ate prazer em pagar a comida. Cavoquei no meu prato com a colher sempre misturando o clarinho do arroz com o escurinho do Kare e depois de encher a panca, levantei-me para pagar, fui saudado novamente e entao parti. Parei numa loja de games ali do lado so para fucar, fiquei tentado e sai. Fiz todo o caminho de volta, atravessei o rio sobre pedrinhas estrategicamente colocadas e pude observar mais um monte de cenas agradaveis enquanto o sol ia embora tingindo o ceu com laranja.

Sim, e verdade que estou aqui como turista, mas acredito que conseguiria ter domingos como este mesmo estudando ou trabalhando por aqui, seria o combustivel para encarar o resto da semana.

Estou grato por todos que me encontraram e me apoiaram nesta viagem, mas queria agradecer algumas que realmente tornaram isso possivel:

– Minha familia: por aguentar toda a minha enchecao com relacao ao Japao e ouvir w-inds. todos os dias.
– Nadia: responsavel pela conversa que me fez bater o martelo: “eu vou!”
– Tereza e Ito: eus eternos senseis! Nao sobreviveria aqui sem as aulas que tive.
– Claus: prestou primeiros socorros pra mim em Narita, me acolheu em sua casa por duas vezes, me guiou quando ainda estava perdido, aprendi um bocado de coisas com ele, sempre otimo papo.
– Leticia: sempre me deu as palavras certas para afastar meus receios. Comprou o bendito ingresso do show do w-inds. que foi um dos momentos mais importantes aqui do Nihon, carregou minha mala e me esperou incansavelmente no ponto do busao em Shinjuku
– Mark e familia: o que dizer de pessoas que me recebem como seus familiares sem nunca terem me visto? Foi uma das melhores experiencias que eu tive no Japao, poder ficar numa casa, conhecer um monte de criancas, etc… experiencias novas a cada segundo.
–  Clayton: haja paciencia para me aguentar uma semana em Nagoya, otimas conversas e sempre acompanhando toda minha viagem de perto com otimas sugestoes.
– Maya Sassaki: agitou tudo em Hokkaido para mim, permitindo que eu tomasse coragem e me arriscasse naquela terra tao distante, mas tao valiosa.
– Daigoro: me deu uma confianca tao grande ao saber que eu tinha com quem contar em Fukuoka caso eu precisasse de qualquer coisa.
– Naoyuki: sem palavras para explicar, o meu grande irmao japones, a pessoa mais presente nestes 2 meses e meio aqui.
– Keiji: a unica pessoa da lista que eu nao conheco. Ele foi para o Brasil ao mesmo tempo que eu vim para ca, nos ajudamos muito. O celular que ele me mandou salvou minha pele diversas vezes. Em breve vamos nos encontrar…

Vou ficar um tempo sem atualizar, mas depois venho com as coisas que faltam. Sao diversos dias em Kyoto, encontro dos bolsistas, viagem para Nara, presenca da Ines. Aguardem…

PS: dia 14\12 quero encontrar todos os meus amigos que leem este blog a noite para comer pizza em Sao Paulo. Todos convidados.

Bom, estou voltando ja e posso dizer com total certeza que tive os melhores 2 meses e meio da minha vida, nao me arrependo em nada de ter feito essa viagem, volto com outro espirito e outra energia. Me despeco do Japao e das pessoas incriveis que conheci aqui, esta sendo realmente dificil conter as lagrimas esses dias, mas eu tenho uma certeza absoluta, eu volto, certeza que volto!!!

Eu volto

A bomba… Hiroshima

Final da viagem se aproximando e o que eu menos tenho conseguido fazer e escrever. Quero curtir os ultimos momentos aqui, mas ta batendo uma tristeza grande. Desculpe amigos e familiares, mas to bem aqui…  Vamos continuar a jornada pelo blog, pelo menos para terminar a saga Railpass.

07-11
Para variar, quando cheguei em Kyoto na noite anterior foi so para descarregar as malas, lavar um pouco de roupa, arrumar as coisas para acordar bem cedo e ir para o proximo destino. So eu sei o que tive que fazer para voltar e ir ate Hiroshima, mas tinha certeza que Hiroshima era um lugar que visitaria no Japao. As duas cidades que quando voce comenta para um japones, todos elogiam sao: Kyoto e Hiroshima.

Shinkansen ja nao era mais novidade alguma (estava ate enjoado ja), mas Hiroshima reervaria um novo meio de transporte. Cheguei completamente perdido la, queria ir para o A-dome (原爆ドーム), mas achei que dava ir pra JR, ja tava quase tromando um trem na Hiroshima Eki (広島駅) quando resolvi perguntar para o condutor e eu estava errado. Teria que tomar um tipo de bonde baratinho interno em Hiroshima, muito bizarro por sinal. E m trenzinho no meio da rua, se misturando com carros, uma zona.  Nao sabia como utilizar, mas tinha um manual de instrucoes la perto. Achei tudo muito estranho, maquinas de cobranca fora do bonde, uma muvuca de pessoas, bondinhos no mesmo lugar, so sei que entrei no bonde com uma tonelada de criancas, aparentemente todas indo para o mesmo lugar que eu.

Para descer do tal bonde foi um sufoco, aquela gcriancada toda me olhando, desci no meio da excursao, parecia um dos alunos. Sai do bondinho meio perdido, mas o A-dome era ali do lado, e sempre dificil viajar sozinho, mas otimo porque voce nao precisa se preocupar em errar ou nao, se der problema voce mesmo paga por isso. Bom, o primeiro choque (serao varios) foi o tal do A-dome, predio simbolo do fatidico 6 de agosto de 1945. A bomba explodiu aproximadamente 600 metros acima e 160 metros de distancia do A-dome. O efeito deste absurdo human toma proporcoes ainda maiores quando voce tem a oportunidade de pisar no local que passou por isto. Olhando em volta daquelas ruinas do A-domu, tudo o que voce pode ver sao paisagens exuberantes com rio, passaros e muita natureza. Fazer um giro 360 ali naquele lugar e uma coisa de louco pois seu cerebro sofre um choque ao captar o contraste.

Depois de muito observar as ruinas, resolvi ir conhecer outros lugares ali perto. Hiroshima e um lugar extremamente bonito, mas um detalhe deixava tudo mais cativante: as criancas. Assim como a minha amiga Maya falou no blog dela, as criancas japonesas tem uma coisa diferente das demais criancas, uma pureza e o espirito de ser crianca. Varias sao tao ingenuas que passam ate por bobinhas, nao tem nada daqueles nao-me-toques caracteristicos de algumas pessoas mais velhas, muito pelo contrario, o comum e elas arriscarem um “Haaro” (Hello) para o gringo (que em japones tem o mesmo significado que americano). Como eu nao gosto de ser confundido com um americano, eu respondo em japones para algumas delas que comecam a ter surtos histericos gritando “Ele fala japones!” (日本語しゃべれる) e apontando em minha direcao para os colegas. Um desses garotos com surto histerico foi quase minha companhia durante o dia, encontrei com ele umas 4 vezes e ele sempre vinha falar comigo, uma figurinha.

Todas as construcoes em volta do A-dome sao relacionadas a paz, alias, a historia dos mil tsurus (dobraduras de cisne em papel) vem de hiroshima no periodo apos bomba. Existe uma estatua em homenagem a menina Sadako e seus Tsurus. A historia (veridica) e que essa Sadako sobreviveu a bomba, mas provavelmente pelos efeitos posteriores do ataque, ele tenha adquirido leucemia e ao inves de despirocar com a noticia,comecou a fazer tsurus de tamanhos cada vez menores. Ela acredtava que chegaria aos 1000 tsurus e sua doenca seria curada, mas ela acabou nao resistindo a doenca e faleceu antes de concretizar sua vontade. Seus colegas de classe se uniram para fabricar mais tsurus e entao finalmente chegar aos 1000 que ela tanto desejava. Hoje em dia, a paz dessa menina e seus tsurus ficaram bem famosos e muita gente faz as dobraduras para alcancar algum desejo ou em forma de agradecimento.

Essa historia da Sadako e tao forte que no local da estatua em sua homenagem, eu pude ver um monte de escolas esperando para fazerem homenagens a menina, levando ornamentos com mil tsurus para deixar em uma das cabines com centenas de outros enfeites, todos com mil tsurus cada. Foi lindo ver as criancas agradecendo, colocando flores aos pes da estatua, alguns adultos e professores choravam vendo as homenagens, foi uma cena dificil de descrever aqui no blog, da vontade ate de sair fazendo tsurus. Ainda bem que eu estava ali no meio quando a escola chegou, pude apreciar tudo de pertinho e tirei muitas fotos.

Sai da estatua da Sadako e ao comecar a andar em direcao a “Chama da Paz” (que ficara queimando enquanto ouverem bombas atomicas no mundo), mais uma coisa fora do comum estava para acontecer. Fui abordado por um grupo de 4 criancas que tentavam falar com um pessimo ingles o que haviam decorado na escola. Eles se apresentaram, mostraram onde era a escola delas num mapa e queriam saber de onde eu vim. Falavam tudo isso em revezamento e pareciam robozinhos que decoraram o texto. Tentei entrar no clima e falar um pouco de ingles com ela, mas elas nao entendiam entao mudei para o “japones mode” e perguntei de onde elas achavam que eu tinha vindo. Pergunta com resposta obvia, Estados Unidos. Falei que nao, ai um outro menino arriscou “Kenya”. Eu nao aguentei e comecei a rir, depois falei que era do Brasil e eles marcaram no mapa que falaram com um brasileiro. Pude perceber que eu tinha sido a primeira pessoa da america do sul que eles tinham conversado. Tiramos fotos, eles pediram por paz e me deram um Tsuru de presente junto com um manual ensinando como fazer, foi muito kawaii.

Hiroshima ja estava sendo um dos meus melhores dias no Japao e nem tinha chegado nem a metade ainda. Vi a tal chama que estava quase invisivel pois o dia estava muito claro e ela e azulada, e segui para o proximo ponto: uma praca da paz. A vista por dentro do arco revela uma cidade linda que esbanja natureza, mas bem no centro la no horizonte da pra ver as ruinas do A-dome, o contraste vem a tona em todos os lugares de Hiroshima, uma mistura de felicidade e tristeza, sensacao unica.

O ultimo lugar que eu realmente queria visitar era o Museu da Bomba, localizado atras da Praca da Paz. O custo para a visitacaoe apenas 50 Yen (1 real), cheguei a conclusao que esse preco e para noa haver razao para alguem ir ate hiroshima e deixar de entrar no museu, e incrivel. Depois de ver os belos parques de Hiroshima, entrar ali e ver a historia de todos os acontecimentos antes e depois da bomba chega a ser revoltante, ao mesmo tempo que me orgulha ver como os japoneses conseguiram dar um jeito de reconstruir tudo e deixar da forma que esta hoje. Sejamos claros, essa bomba foi uma crueldade sem tamanho, o museu nao e para pessoas fracas, muitas cenas fortes com pessoas derretendo, sofrendo de diversos efeitos escabrosos da bomba. Alguns dos destauqes do museu sao as maquetes que mostram hiroshima antes e depois da bomba, cartas oficiais americanas discutindo sobre a criacao e utilizacao da bomba. O fato e que as bombas atomicas seriam aplicadas na Alemanha, mas os Americanos temiam o troco dos alemaes e acabaram utilizando no lugar mais distante que dificultaria o contra-ataque. Dentre as cidades japonesas que seriam potencias alvos para as bombas estavam Tokyo, Yokohama, Nagoya, Kobe, Kokura, Fukuoka e ate mesmo minha querida Kyoto.

No entanto, o plano final para as bombas era atacar em ordem: Hiroshima, Kokura e por fim Nagasaki. Cartas de sucesso da operacao em Hiroshima, transcricoes das conversas de radio do piloto que soltou a bomba e outras coisas estao todas la para “apreciacao”. Tudo no museu faz pensar, o relogio destruido marcando a hora exata da bomba, sombra de um homem que estava sentado numa escadaria e as historias tragicas relacionadas aos efeitos da bomba. Acho que se eu fosse japones, teria um sentimento horrivel com relacao aos USA. Nao que os japoneses sejam santos, longe disso, mas creio que uma bomba como essa seja algo que nao tem comparacao com outras coisas. 

Outra coisa que me chamou muita atencao no museu foi um painel enorme com cartas de todos os prefeitos de Hiroshima pedindo a suspensao dos projetos para criacao de armas nucleares a comandantes de diversos paises que estejam fazendo tal ato. O painel conta com uma infinidade de cartas, todas escritas em ingles e japones. Da pra passar muito tempo la so lendo e vendo esse tipo de coisa. Para finalizar, as imagens da maquete deixam claro o efeito de tudo isso, que para quem visitou Hiroshima nos dias de hoje, fica ainda mais chocante.

Sai do museu com a alma lavada, consegui entender um pouco mais sobre esse importante fato historico, e diferente ler e estar no lugar para sentir. Ainda tinha um cerot empo em Hiroshima, resolvi me reestabelecer vendo a bela Hiroshima de hoje e resolvi ir ver o estadio o o castelo de hiroshima (広島城). No caminho de volta, passei de novo pelo A-dome e cheguei na avenida do bonde. Decidi procurar uma loja de CD para comprar o novo single do w-inds. (Beautiful Life) que estava sendo lancado justamente nesse dia. Achei numa loja chamada Deodeo, comprei e sai todo feliz por conseguir um single no dia do lancamento, ja estava viciado na musica.

O estadio nao tinha nada demais para ver, entao decidi ir reto para o castelo. Quer dizer, nao tao reto assim, eu me irritei muito para conseguir chegar no castelo. Conseguia ve-lo do outro lado da avenida, mas ao tinha lugar para atravessar, andei feito um otario ate ver que existia uma passagem subterranea que obviamente me levou a ficar perdido e sair no lugar errado. Depois de muito esforco, cheguei na entrada do castelo, muitas flores e um jardim legalzinho. Nada comparado aos ja visitados castelo de Osaka e Nagoya, mas tudo bem, estava ali mesmo.

Nao tinha muito tempo para a visitacao, entao me aprecei para ver o museu no interior do castelo ate chegar no topo, semelhante a todos os outros castelos, mas bem mais vazio devido a nao tao popularidade do lugar. Aproveitei que estava quase sozinho no topo do castelo para sentar, ver o cd que tinha comprado e me preparar para voltar. Foi bem relaxante pelo menos depois de tanto stress e emocao em Hiroshima. No caminho ce volta para o bondinho, uma valhina japonesa vaio me pedir informacao, EM JAPONES. Alguem pode me dizer o que leva uma pessoa japonesa a pedir informacao em japones para um gringao como eu? Fiquei tao assustado com isso que tive ate dificuldade de entender o que a senhorinha dizia. Eu achei que ela estava perguntando se o castelo ficava naquela direcao, respondi que sim. Depois que caiu minha ficha que ela queria saber se tinha saida naquela direcao, e a resposta era NAO. Tadinha, devo ter feito a velhinha empurrar seu carrinho por mais um bom tempo, fiquei com um peso na consciencia enorme depois deste fato.

Acabei chegando na Hiroshima Eki quase uma hora antes do meu Shinkansen, entao resolvi comer algo, estava faminto. Fui andando ali por perto e achei um tipo de galeria com varias ljas de comida, eu parei para comer o tipico Okonomiyakisoba de Hiroshima. O local escolhido era comandado apenas por mulheres, todas muito confusas ao atender, pareciam que estavam brincando de telefone sem fio na minuscula cozinha, foi muito divertido. Mas todas elas eram muito simpaticas comigo e me recomendaram umokonomiyaki que nao hesitei em pedir. Alias, acho engracado que quando voce pede recomendacao para algum japones, ele sempre te responde o mais tradicional, no Brasil eles sempre recomendam o mais caro.

Enquanto eu devorava meu Okonomiyaki, uma das mulheres estava fazendo um Okonomiyaki com Kaki (um tipo de marisco) para tirar fotos que iriam para o menu. O fotografo ficou la do meu lado batendo inumeras imagens. Corta daki, mostra o kaki dali, foi um entretenimento enquanto comia. Mas o melhor estava por vir, depois que as fotos acabaram, a dona resolveu me dar um pedaco daquele okonomiyaki de foto para comer. Uma delicia, adoro Kaki. Conversa vai, conversa vem, eu acabei ganhando a dimpatia das donas que antes de eu ir embora me derammexiricas para comer no trem. Tudo isso pelo preco de um okonomiyaki, negocio da china, ops, japao!

O meu shinkansen (de novo) pararia em Shin-Osaka (新大阪) para fazer baldeacao ate Nagoya (名古屋). O milagre aconteceu, em Shin-Osaka estava la eu esperando o outro trem jogando DS quando de repente olho no relogio e faltava apenas uns 2 minutos para meu trem sair. Sai correndo feito um louco e depois reparei que nada tinha mudado a plataforma que estava, o mesmo trem estava ali faz tempo. Achei que tinham trocado de plataforma, fui olhar no painel principal da estacao e eu estava na plataforma certa, porem nada de trem. Resultado do fato e que meu trem atrasou uns 40 minutos… CAOS FERROVIARIO. Estava muita muvuca ali na plataforma do Shinakansen.

Depois de uns dias vim a descobrir que o motivo do caos ferroviario e que uma mulher teria se matado na linha do Shinkansen em Kyoto. Justo em Kyoto! Tai algo que nunca tinha passado pela minha cabeca, atrasar trem por causa de suicidio. Pior e que parece que a familia da suicida idiota tem que arcar com todas as despesas do suicidio. Imagina so o prejuizo que nao deve ser um suicidio desses numa linha importante do Shinkansen. Quer se matar? Se mata, mas nao atrapalha a vida dos outros.

Chegando em Nagoya, fui direto encontrar com o Clayton num restaurante perto da casa dele. Comemos e voltamos para a casa dele onde pude rever as 2 meninas que tinha conhecido na minha primeira parada la. Elas sao muito legais, fiquei zoando uma delas e depois fui dormir, estava esgotado.

PS: hoje acho que foi o maior post de todos, tive que me conter para nao contar mais de Hiroshima, visita obrigatoria para todos que pisarem no Japao.

Fotos:
A-dome e criancas Homenagem a Sadako Criancas que me abordaram Vista da Praca da Paz Antes Depois Beautiful Life